O aparecimento de cálculos urinários durante a gestação é mais comum do que se pensa e tem como principal fator influente, o aumento da eliminação de cálcio em decorrência da gestação, fenômeno conhecido como hipercalciúria gestacional. Popularmente conhecida como pedra nos rins, ou, na uretra, a alteração pode provocar dores de níveis diferentes em mulheres nessa condição, a depender do tamanho e da localização e pode resultar em infecções urinárias recorrentes e até em partos prematuros se não tratada adequadamente, alerta o cirurgião urologista da Urocentro Manaus, Dr. Giuseppe Figliuolo.
Pesquisa recente mostra que 1 em cada 1,5 mil mulheres apresenta algum tipo de complicação renal durante a gravidez, dado que preocupa, segundo Figliuolo. Os cálculos urinários são formados a partir do acúmulo de cristais presentes na urina, durante o processo de filtragem nos rins. Eles podem ficar alojados nos rins ou se moverem até a uretra, causando fortes cólicas, tanto em homens quanto em mulheres. Mas, pode ser tratados com o uso de medicamentos para expeli-los, ou, cirurgicamente.
De acordo com o cirurgião, no caso das grávidas, o processo é mais delicado, uma vez que a detecção deve ser feita seguindo protocolos rígidos para o uso de exames de imagem, de forma que seja evitada uma superexposição do feto à radiação. A formação das pedras durante a gestação se dá, principalmente, pelo aumento da produção e liberação de cálcio para a formação do esqueleto do feto no útero.
Além disso, outras importantes mudanças fisiológicas ocorrem no corpo da mulher durante a gestação e podem influenciar. “Entre elas, incluem-se as do trato urinário, já que os rins são deslocados de lugar, passando por um pequeno aumento de tamanho e se tornando mais vascularizado. Esse aumento é denominado hidronefrose, uma espécie de dilatação decorrente do aumento da produção hormonal”, ressalta o especialista.
Doutor em saúde coletiva, Figliuolo alerta que, apesar do aumento das chances de se desenvolver os cálculos urinários na gravidez, há medidas que podem ser adotadas para preveni-los, tais como a manutenção constante da ingestão de água, evitar o consumo de ultraprocessados e refrigerantes, além de sal e proteínas animais e ficar atento quanto às medicações utilizadas durante os nove meses.
O tratamento, no caso das gestantes, pode ser cirúrgico. Contudo, com a terapia e o acompanhamento adequados, as possibilidades de que os cálculos sejam expelidos espontaneamente aumentam.
“Além de um obstetra, é importante que a grávida passe por um acompanhamento multidisciplinar durante a gestação, incluindo na sua lista profissionais urologistas e nefrologistas, especialmente às que têm pré-disposição à alteração, como mulheres com problemas renais e histórico de cálculos renais nesse período na família (por conta do fator hereditário)”, explicou Figliuolo, que também é membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).