Uma pesquisa da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) revelou o perfil de doadores de sangue na capital do Estado. O levantamento envolveu uma amostra de 95.584 doadores, no período de dezembro de 2021 a março de 2022.
A pesquisa mapeou o público, principalmente, por faixa etária, tipagem sanguínea, localização, sexo e escolaridade. O estudo também levantou os principais empecilhos e motivações para a doação. Os resultados ajudarão a traçar estratégias para ampliar a captação de doadores.
“Essa é uma análise muito importante para que a gente saiba as características do nosso público, e com isso, aperfeiçoar as estratégias de contato com eles e, principalmente, de atingir e fidelizar aquele perfil que não aparece ou que aparece pouco nas estatísticas”, disse a chefe do departamento do ciclo do sangue, do Hemoam, Socorro Viga Yurtsever.
A primeira característica dos doadores, conforme a pesquisa, é que 62,94% dos candidatos à doação são do sexo masculino, enquanto 37,06% são mulheres. Essa diferença aumenta ainda mais quando se trata da triagem – processo que envolve um teste rápido de anemia, além de uma entrevista e exames de sorologia com o sangue dos candidatos. Após esse processo, 70% dos candidatos aptos são homens e 30% mulheres.
No quesito faixa etária foi revelado que o maior número de doadores aptos, cerca de 39,41%, têm entre 18 e 29 anos. A tipagem sanguínea predominante na amostra de 95.584 pessoas deu 58,60% de doadores com sangue O+; seguido de A+ (24,34%). Na ponta inversa estão os sangues raros, sendo B- com 0,56% e AB- com 0,18% do total de doações.
O grau de escolaridade dos doadores também foi analisado e apontou que 67,30% têm o ensino médio completo. 13,44% são de nível superior e 8,44% estudaram até o fundamental. Os doadores com superior incompleto, ensino profissionalizante e pós-graduação refletem consecutivamente 8,44%, 1,05% e 0,42%. A análise também revelou que a maioria dos doadores são pessoas solteiras (54,01%), seguido dos casados (39,45%). União estável, divorciados e viúvos somaram apenas 6,5%.
Inaptidão x motivação – Além de avaliar o perfil sociodemográfico dos doadores, a pesquisa também identificou as causas para inaptidão e as motivações dos candidatos à doação.
A principal causa de inaptidão dos candidatos começa logo na primeira etapa da triagem, com um teste rápido (hematócrito) que mede se o candidato à doação tem sangue suficiente para doar. 40,39% dos candidatos não passam dessa etapa.
As demais causas dizem respeito a questões identificadas na triagem clínica (entrevista) com o candidato, na qual se observou, com frequência, casos de candidatos que estavam em jejum ou tiveram diagnóstico recente de Covid-19 e/ou outras síndromes gripais, além de sintomas de febre, peso insuficiente, uso de medicamentos e etc.
Em relação à motivação, 52,52% compareceram ao Hemoam motivados pela “reposição” – quando um parente, amigo ou conhecido precisa passar por um procedimento cirúrgico e há uma mobilização para repor as bolsas de sangue que o paciente irá necessitar.
A doação espontânea somou 34,56% e reflete uma parcela da população que doa sangue pelo altruísmo, sem direcionar o ato para ninguém especificamente. Um percentual de 9,36% doou sangue motivado por campanhas de igrejas, entidades públicas e privadas.
Apenas 3,5% teve a doação motivada por propagandas nas redes sociais, matérias divulgadas na imprensa e outras mídias digitais.
Doador por zona – A pesquisa mostrou que o público que mais comparece ao Hemoam é da zona norte (20,51%), seguido da zona sul (13,92%) e zona leste (13,01%).
Os dados da pesquisa foram retirados do Hemosys, sistema criado e utilizado pelo Hemoam para a gestão de informações ligadas às atividades de hemoterapia da instituição.