A tosse persistente, por mais de duas semanas, é o sintoma mais frequente da tuberculose. A doença altamente transmissível adoeceu 68 mil pessoas e tirou a vida de 4.543 brasileiros, no ano passado. Números que despertam a atenção para o risco que o mal do século passado representa nos dias de hoje.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Amazonas tem o maior índice de pessoas com tuberculose no país e está entre os estados com maior incidência de mortes pela doença.
A coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose no Amazonas (PECT), enfermeira Lara Bezerra, orienta quais as principais medidas de combate. Doença infecciosa e transmissível, a tuberculosa tem como agente causador o bacilo de Koch, e afeta prioritariamente os pulmões, mas também pode acometer outros órgãos e sistemas.
“A transmissão da tuberculose ocorre ao falar, espirrar ou principalmente ao tossir. Pessoas com tuberculose ativa lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos, podendo transmitir a doença para outras pessoas”, afirma a enfermeira, do programa que é vinculado à Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP).
Para a especialista, a tosse é o principal sintoma de atenção, mas também é importante investigar outros sinais.
“Os principais sintomas da doença são tosse por mais de duas semanas, acompanhada de secreção ou não, febre baixa, perda de peso e sudorese noturna. O principal sintoma é a tosse, e por isso é recomendado que pessoas com tosse por mais de duas semanas sejam examinadas, e procurem uma unidade de saúde para a realização do exame de escarro”, explica.
A tuberculose teve aumento de 12% em número de casos no Amazonas, em 2021, razão pela qual é necessária atenção da população para prevenção, diagnóstico precoce e tratamento. Segundo dados epidemiológicos da FVS-RCP, o estado teve 3.209 casos novos no ano passado, ante 2.853 em 2020.
Diagnóstico e tratamento
A pessoa com sintomas da doença ou que convive com alguém infectado deve procurar atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para realização de exames.
Após análise médica, o paciente com caso suspeito realizará exames laboratoriais, por meio do Teste Rápido Molecular (TRM-TB), sendo utilizadas amostras de escarro espontâneo ou induzido, também são realizados exames de imagem como a radiografia do tórax em pessoas com suspeita clínica de tuberculose pulmonar.
O tratamento é realizado por meio da administração de antibióticos e possui duração de pelo menos seis meses, como explica a enfermeira. Em 2021, além do aumento dos casos novos, o estado também apresentou alta na proporção de abandono do tratamento da tuberculose, passando de 15,4% em 2020 para 16,3% em 2021.
“O diagnóstico da doença é feito através do exame de escarro, disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde. O tratamento é de forma gratuita disponibilizado pelo SUS, e consiste em no mínimo seis meses de tratamento. O tratamento é a única forma eficaz para a cura da doença”, informa a especialista.
A vacina BCG e o tratamento precoce da Infecção Latente da Tuberculose (ILTB) são as principais formas de prevenção e combate à doença. A vacina BCG é disponibilizada de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e protege contra as formas mais graves da doença. O imunizante deve ser dado às crianças antes dos cinco anos de idade, sendo recomendável ao nascer.
Grupos de risco
Imunossuprimidos representam o grupo com maior risco de desenvolver a tuberculose caso entrem em contato próximo e prolongado com quem está em tratamento da doença. Pessoas vivendo com HIV (PVHIV), pacientes com diabetes, tabagistas, usuários de fármacos imunossupressores ou pessoas em qualquer outra condição de imunossupressão são mais vulneráveis à ILTB.