O brasileiro está devendo mais, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC). A pesquisa, divulgada recentemente, aponta que 12,5 milhões de pessoas encerraram o mês de fevereiro endividadas. O índice é o maior registrado nos últimos 12 anos. Para fugir dessa situação, planejamento e organização são essenciais.
A professora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Teresa (FST), Gizelda Santarém da Silva, ressalta que os principais vilões do endividamento são os cartões de crédito, empréstimos e cheque especial. Os dois últimos anos, diz ela, têm sido muito difíceis para a economia, devido à pandemia de coronavírus. A alta na inflação e na taxa de desemprego no país são fatores que estão diretamente ligados à situação de endividamento das famílias.
Segundo Gizelda Santarém, para recuperar o poder de compra, as pessoas precisam se comprometer a seguir uma organização no orçamento. O primeiro passo é analisar profundamente a saúde financeira. Para isso, é preciso listar em uma planilha todas as dívidas, gastos essenciais e os que podem ser eliminados. “A partir disso, a pessoa terá consciência do quanto deve e do que pode gastar, pagando as parcelas de negociação e as despesas essenciais. Isso é importante para que consiga honrar com o combinado e não caia em uma nova dívida, com mais juros”, afirmou.
Gizelda orienta que, com essas informações em mãos, a pessoa entre em contato com as empresas, bancos e lojas para negociar. “Seja honesto, explique a situação ao credor. Nesse momento da negociação, é preciso ter calma, avaliar bem o contrato e as taxas de juros. Só assine se estiver seguro que pode honrar com o compromisso”, frisou.
Gizelda Santarém pontua que ter argumentos e uma estratégia bem definida ajudam na hora de conversar com o credor. Isso inclui ter em mãos documentos que vão comprovar que a pessoa tem condições de pagar a dívida até o final.
Uma dica importante nesse processo de regularização da saúde financeira, de acordo com a professora, é deixar uma reserva de dinheiro para possíveis gastos inesperados. Dessa forma, evita-se novos endividamentos.
Outra recomendação é buscar uma fonte de renda extra. “Avalie a possibilidade de usar alguma habilidade para ganhar dinheiro, como por exemplo, cozinhar ou produzir algo que possa vender. Essa alternativa pode ajudar bastante no orçamento familiar”, destacou.
Gizelda Santarém orienta, também, evitar os gastos invisíveis, aqueles que as pessoas consideram irrelevantes, mas que quando colocados no papel têm grande impacto no orçamento, como refeições fora de casa, vários passeios no mês, entre outras coisas. “As pessoas acabam não considerando essas despesas, porque são do dia a dia. Se puder evitá-las, maior será a economia, principalmente no momento em que a renda vai ficar comprometida com o pagamento das dívidas”.