O câncer do colo do útero é uma doença 100% evitável e leva de 10 a 15 anos para se instalar no corpo da mulher, após persistentes inflamações causadas pelo papilomavírus humano (HPV). De 2019 a 2022, a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), realizou 1.508 conizações, pequena cirurgia que retira lesões pré-malignas do colo do útero, evitando a evolução para o câncer.
Conforme informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Amazonas lidera os índices de casos de câncer do colo do útero em todo o Brasil. Somente, em 2022, 700 mulheres amazonenses devem ser diagnosticadas com a neoplasia. Dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) apontam que 271 mulheres morreram, em 2021, no estado, vítimas da doença.
Nesta semana, foram iniciadas as obras do Centro Avançado de Prevenção do Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu), anexo à FCecon, que será exclusivo para o tratamento das lesões pré-malignas no colo do útero. Será um hospital-dia, ou seja, sem a necessidade de internação. Assim, após a cirurgia, a paciente retorna para casa.
“A construção do Cepcolu é um divisor de águas que vai representar o início do processo de erradicação do câncer do colo do útero dentro do nosso estado. Com este centro, iremos reescrever uma nova história do câncer do colo do útero no Amazonas”, destacou o mastologista Gerson Mourão, diretor-presidente da FCecon.
Prevenção – O câncer do colo do útero é causado por inflamações persistentes de tipos oncogênicos do HPV, destaca a médica ginecologista e chefe do serviço de Ginecologia da FCecon, Mônica Bandeira. O vírus é adquirido sexualmente.
A prevenção primária para o câncer do colo do útero é a vacinação contra o HPV, que é indicada a meninas, dos 9 aos 14 anos, e meninos, dos 11 aos 14 anos. A vacina está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e protegerá as próximas gerações de mulheres, destaca a médica.
Já a prevenção secundária é o exame preventivo, também conhecido como Papanicolau. Este deve ser realizado anualmente nas mulheres que iniciaram sua vida sexual, mesmo sem qualquer queixa ginecológica.
“O objetivo do preventivo é detectar as inflamações que vêm antes desse câncer ser instalado na mulher, são as chamadas lesões pré-malignas, lesões precursoras do câncer do colo do útero. Quando falamos em preventivo, é para prevenir, evitar”, afirma Bandeira.
Conização – Uma vez descobertas as lesões, chamadas de neoplasia intra-epitelial cervical de grau II ou III, a mulher será encaminhada para realizar a conização na Fundação Cecon ou na Policlínica Gilberto Mestrinho.
Em 2021, 548 mulheres foram submetidas à conização na FCecon, evitando o desenvolvimento do câncer. No primeiro bimestre de 2022, 131 pacientes passaram pelo procedimento.
Humanização – Logo que dão entrada na FCecon, as pacientes assistem a um vídeo educativo na Sala de Humanização, que informa como são realizadas as conizações, a fim de tranquilizar as mulheres sobre todo o procedimento.
Segundo Mônica Bandeira, a cirurgia é de pequeno porte e normalmente feita com anestesia local. “Retiramos a parte doente do colo do útero, a inflamação pré-maligna em forma de cone. O tempo de cicatrização do colo uterino é, em média, de 45 dias, por isso as relações sexuais devem ser evitadas durante esse período. A parte que foi retirada sempre é enviada para avaliação no laboratório, para confirmação do diagnóstico”, explica a ginecologista.
Acompanhamento – Após a cirurgia, a paciente fará um controle a cada seis meses, com exame preventivo e colposcopia na FCecon. Se em um ano os exames estiverem normais, receberá alta da Fundação e seguirá fazendo seus preventivos na rede básica de saúde.