Uma pesquisa conduzida por um bolsista da CAPES na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) pode ser útil no combate ao câncer. O estudou levou à descoberta de uma molécula que se mostrou agressiva contra o câncer na pele (melanoma) e o câncer em ossos e músculos (sarcoma).
Além disso, ela é menos tóxica para as células não cancerosas. Os resultados estão descritos em artigo publicado no Scientific Reports, jornal científico que pertence ao grupo Nature.
Uma das substâncias encontradas na molécula é o cobre, metal que existe no corpo humano e participa de diversas funções no organismo, como a criação de vasos sanguíneos. Isolado, pode beneficiar tumores. Ligado a outros materiais, porém, ajuda no combate às células cancerosas. “A ideia é que o cobre atue como um cavalo de Troia. Quando o tumor precisar de cobre, vai puxar de lá e vai acabar se intoxicando”, explica Pedro Henrique Alves Machado, bolsista de doutorado em Genética e Bioquímica.
Os testes foram realizados in vitro. Para sarcoma, a seletividade foi de sete células cancerosas mortas para cada uma saudável. No caso do melanoma, essa proporção foi de cinco para uma. O próximo passo é encapsular o complexo. A equipe já desenvolveu nanocápsulas, mas ainda é necessário comparar os resultados da molécula dentro e fora da cápsula e realizar testes in vivo para ver qual a dose ideal, possíveis reações colaterais e avaliar se vai haver uma diminuição de células tumorais em animais.
A pesquisa é uma parceria entre o Instituto de Química (IQ) e o de Biotecnologia (Ibtec) da universidade mineira. Driely Paixão, cientista do IQ, sintetizou a molécula, orientada pelo professor Wendell Guerra. Machado ficou responsável por triar os complexos, e definir seu mecanismo de ação e possível aplicabilidade. Ele e seu orientador, Robson José de Oliveira Júnior, que atua na área de biologia molecular e celular do câncer, são do Ibtec. O coorientador era Luiz Ricardo Goulart Filho, falecido em 2021, do Ibtec, que liderava o laboratório onde os testes foram realizados.