O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou um requerimento para que a CPI da Pandemia seja retomada. O colegiado funcionou de abril a outubro de 2021 e, segundo Randolfe, foi fundamental para pressionar o governo por ações mais assertivas de combate à pandemia. A nova CPI também teria essa função em um momento de alta da variante Ômicron do coronavírus, além de investigar fatos que aconteceram após o encerramento da CPI, como o apagão de dados do Ministério da Saúde e a demora para o início da vacinação infantil.
As informações são da Agência Senado. O líder da oposição disse que quer investigar possíveis omissões do governo federal a partir de novembro de 2021. Entre elas, elencou a insuficiência nas doses de reforço, na política da testagem e ataque a técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Sabotagem na imunização de crianças exatamente na terceira onda da pandemia, com hospitais lotados”, acrescentou
A ideia é que o primeiro convocado seja o Procurador-Geral da República, Augusto Aras. Os membros da CPI consideraram insuficientes as atitudes do PGR após receber o relatório da Comissão, no ano passado. Um processo preliminar foi aberto para apurar as denúncias contra o Presidente Jair Bolsonaro e outros 12 denunciados.
Relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL) declarou apoio à proposta de Randolfe de uma nova CPI, opinando que já existem “fatos novos e determinados” que justificam sua abertura: “Boicote à vacinação infantil, apagão de dados no Ministério da Saúde, tocado por um sabujo, além da explosão de casos. Bolsonaro é um delinquente reincidente. O Congresso está omisso diante do resgate do genocídio. Eles só respeitam CPI”, concluiu, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), lembrou que na última segunda-feira (10) o apagão completou um mês, iniciado por um ataque hacker ao sistema ConecteSUS, aplicativo que emite certificados de vacinação. “O Brasil segue sem saber o tamanho real da nova onda de contaminações provocada pela variante ômicron. É muito importante que os dados sejam recuperados. Um momento crítico em que precisamos de todas as informações para podermos vencer o inimigo”, alertou.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) fez uma crítica no mesmo tom: “O sistema falho deixa os cientistas em voo cego e atrapalha pesquisas, especialistas e prejudica análises epidemiológicas.”
No site do Ministério da Saúde, diversas páginas de serviços sobre a covid-19, como o Painel Coronavírus, que informa o número de óbitos, e o LocalizaSus, que reúne dados sobre vacinação, continuam com dados defasados ou instáveis desde dezembro. Segundo o Ministério da Saúde, o aplicativo ConecteSUS foi restabelecido no dia 23 de dezembro. Desde então, porém, usuários continuam a relatar demora na atualização das informações.