Atualmente, mais de 70% dos casos de dengue se concentram em menos de 200 municípios brasileiros. O dado é da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde. No entanto, segundo o coordenador-geral da pasta, Cassio Peterka, os demais municípios do país que não estão em situação endêmica também devem ficar atentos e agir contra o mosquito.
“Hoje, mais de 70% dos casos de dengue se concentram em menos de 200 municípios do país, mas não quer dizer que os outros restantes para completar 5.570 municípios não devam ter ações. Quase todos os municípios do Brasil têm transmissão de dengue, zika ou chikungunya, ou das três concomitantemente.”
Segundo Cassio Peterka, o vírus da dengue, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, tem um potencial de distribuição geográfica muito grande e rápido. “Se a gente pegar regiões contíguas onde tem uma baixa transmissão, principalmente regiões metropolitanas, regiões vizinhas, a gente vê essa expansão muito rápida. Porque tem o vetor. O vetor estando presente, isso faz com que tenha uma maior transmissão e as pessoas infectadas transitam por essas regiões”.
A transmissão das arboviroses acontece pela picada da fêmea do Aedes aegypti infectada pelo vírus. “É preciso ter uma fêmea que fez a alimentação em uma pessoa infectada. Ela pega o vírus, se infecta, e assim ela vai estar apta – depois de um período de incubação dentro da fêmea do mosquito Aedes aegypti – em transmitir para outras pessoas”, explica.
Monitoramento
Cassio Peterka destaca duas metodologias importantíssimas para o levantamento da proliferação do mosquito no país: o LIRAa ou LIA (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti). A diferença entre eles é que o LIRAa é direcionado para municípios de maior porte populacional e o LIA para menores.
A recomendação da pasta é que os municípios façam o levantamento a cada dois meses, mas a cobrança é feita quatro vezes ao ano.
“A importância desse levantamento entomológico é que ele nos dá um risco sobre o encontro de larvas e quais os recipientes principais. Por exemplo, existem regiões onde eu tenho uma predominância de criadouros como cisternas, caixas d’água, tanto as de rotina como de armazenamento de água por conta de uma falta de abastecimento. Então a gente tem esses instrumentos de levantamento entomológicos para nos direcionar.”
Combate ao mosquito
Segundo Cassio Peterka, as ações da pasta contra o mosquito Aedes aegypti ocorrem rotineiramente ao longo de todo o ano e fazem parte das atividades dos agentes de combate às endemias e dos agentes de vigilância ambiental em todo o país.
“Qualquer frasco, pote, vaso, que acumule água, é um potencial criadouro para mosquitos. Então, encontrou um pote com água parada, mesmo que não seja muito grande, pode ser um criadouro do mosquito. A gente tem que eliminar esses criadouros para que os mosquitos não nasçam, não tenham mosquitos que possam fazer com que a gente tenha uma epidemia”, alerta.
O fumacê (nebulização espacial de inseticida) é indicado para matar o mosquito adulto. “É uma ferramenta utilizada quando perdemos o controle da situação. Ela é indicada quando há uma epidemia, quando há um aumento muito grande de casos de uma determinada região, ou seja, ele é direcionado aos adultos”.
“A grande importância de combater o mosquito é que não teremos pessoas doentes se não tivermos muitos mosquitos. Então a campanha desse ano ela traz à tona a questão de cada um buscar a responsabilidade dentro do seu quintal, do seu local de trabalho e utilizar dez minutos da sua semana para que ele faça uma revisão nos principais locais onde possam ter criadouros do mosquito e elimine esses criadouros, não deixe que o mosquito nasça”, acrescenta.
Cássio Peterka também faz um apelo para que todos os setores da sociedade se mobilizem no combate ao Aedes Aegypti.
“A gente precisa de um apoio de todos os órgãos governamentais, da população, do setor privado, do terceiro setor para que a gente tenha uma mobilização muito grande das pessoas para evitar que esse mosquito nasça. A carga maior cai sobre o setor de saúde, mas a solução não está somente no setor de saúde. É justamente nessas parcerias, na intersetorialidade, que a gente consegue buscar soluções maiores.”
O coordenador-geral de Vigilância de Arboviroses deixa bem claro que os cuidados contra a proliferação do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya devem ser mantidos mesmo após o período de chuva.
“A gente deve manter os cuidados sempre durante todo o ano, 365 dias por ano. Porque, os ovos do Aedes aegypti, mesmo que eles estejam no frasco sem água, podem ficar até quase um ano viáveis. E quando chega o período da chuva, eles vão entrar em contato com a água e, de cinco a sete dias, esse mosquito, que passou um ano adormecido dentro desse ovo, vai nascer novamente.”
No entanto, as regiões que registraram excesso de chuva ou inundações precisam de cuidados redobrados.
“A atenção tem que ser muito mais redobrada no momento em que as inundações estão baixando, quando a gente tem aumento do número de criadouros e que isso facilitaria a proliferação do vetor. Então, a ideia é aliar nossas ações rotineiras e em momentos onde haja desastres, onde haja um aumento muito grande das chuvas, a gente tenha uma atenção redobrada”, esclarece Cassio.
Para evitar a proliferação do mosquito, a população deve checar calhas, garrafas, pneus, lixo, vasos de planta e caixas d’água. Não deixe água parada. Combata o mosquito todo dia. Coloque na sua rotina.
Do Brasil 61