Guiar os observadores da natureza a apreciar e identificar espécies de sapos de uma unidade de conservação que está na rota de passeios turísticos do Oeste do Pará. É com este olhar que o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) produziu o Guia de Sapos da Floresta Nacional do Tapajós, uma obra com linguagem acessível, ilustrada e bilíngue: português e inglês.
O Guia foi desenvolvido por quatro profissionais apaixonados pelos anuros (grupo dos sapos, rãs e pererecas): a doutoranda em Ecologia do Inpa, Kelly Torralvo, e o egresso do Instituto que atualmente faz parte do laboratório de ecologia e comportamento animal da Ufopa-LECAN, o biólogo Rafael de Fraga, e os pesquisadores do Inpa Albertina Lima e William Magnusson. Todos são vinculados ao Programa de Pesquisas em Biodiversidade (PPBio) e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (INCT-Cenbam) do Inpa.
Animais com alta diversidade de formas, cores, modos de vida e reprodução, os sapos atraem o interesse de vários amantes da natureza. Pensando no ecoturismo amazônico e em outras atividades que necessitem de identificação em nível de espécie, os autores trouxeram na obra informações e curiosidades sobre a biologia e ecologia de espécies sapos que estão presentes na Flona.
“Esperamos que o guia desperte o interesse e o olhar para as espécies, recrutando novos aliados na conscientização da preservação e da importância da floresta em pé”, destaca Kelly Torralvo, que estuda no doutorado as respostas ecológicas e métodos para a conservação de anuros neotropicais da Flona do Tapajós, sob orientação de Magnusson.
O Guia é composto de 12 capítulos que apresentam as principais características da Flona do Tapajós, boas práticas turísticas que podem ajudar de forma sustentável a conservação de áreas protegidas e definições e relevantes diferenças entre sapos, pererecas e rãs. Traz ainda uma detalhada identificação das partes dos corpos dos sapos, além de uma apresentação de oito famílias de sapos, totalizando a descrição de 47 espécies de anfíbios.
Duas espécies desse grupo chamam atenção no Guia: O nome da espécie Boana icamiaba, da família Hylidae, é uma homenagem às lendárias guerreiras Amazônicas, as Icamiabas. Já a espécie Rhinella major pode se reproduzir em pequenas poças, mas alguns indivíduos nadam mais de 700 metros para colocar seus ovos no meio do rio Tapajós.
A obra foi editada pela Editora Inpa e o e-book já está disponível no Repositório Digital, com acesso gratuito: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/38286. Em breve, a obra impressa também será disponibilizada ao público.
Saiba Mais
Criada em 1974, a Floresta Nacional (Flona) do Tapajós, localizada no Pará, foi a região escolhida para o desenvolvimento da obra. A área protegida pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) e gerida pelo ICMBio registrou grandes avanços em relação ao uso sustentável dos recursos da floresta pelas pessoas que vivem no território. Atualmente com 527.319 hectares de extensão e abrigando cerca de 4 mil moradores, a região oferece condições ideais para que diferentes atividades sustentáveis sejam desenvolvidas, como manejo florestal, extração de látex (borracha), extração de óleos de andiroba e copaíba, produção do “couro” ecológico a partir do látex, biojóias, móveis artesanais, comercialização de açaí in natura, produção de polpas e licores de frutas, produção de farinha, produção de mel, criação de peixes e o ecoturismo.