No ano passado, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) registrou o maior nĂșmero de processos relacionados Ă âLei Maria da Penhaâ desde o surgimento da lei hĂĄ 15 anos, inclusive, mais que o dobro de 2019: foram 18.972 processos distribuĂdos sobre violĂȘncia domĂ©stica e familiar contra a mulher em todo o Amazonas, contra 7.279 açÔes registradas em 2019. E, neste ano, atĂ© o Ășltimo dia 8 de novembro, jĂĄ sĂŁo 13.952 processos de violĂȘncia contra a mulher. Esses dados foram citados nesta segunda-feira (22/11) pela desembargadora Graça Figueiredo, coordenadora ComissĂŁo da Mulher em Situação de ViolĂȘncia DomĂ©stica e Familiar do TJAM, durante a abertura solene da “19.ÂȘ Semana Justiça pela Paz em Casa”, em Manaus.
A ação, que ocorre simultaneamente em todo o PaĂs, Ă© um esforço concentrado feito pelos Tribunais brasileiros com o objetivo de agilizar o andamento dos processos relacionados Ă violĂȘncia de gĂȘnero e sensibilizar a sociedade para a realidade violenta que as mulheres brasileiras enfrentam. Na solenidade, promovida no hall do FĂłrum de Justiça Ministro Henoch Reis, no bairro de SĂŁo Francisco, zona Sul, alĂ©m da desembargadora Graça Figueiredo, estavam tambĂ©m os magistrados titulares dos “Juizados Maria da Penha” e os que irĂŁo auxiliar na realização das audiĂȘncias pautadas para esta semana na capital, e, ainda, as autoridades do sistema de Justiça, do Executivo e do Legislativo.
Esta Ășltima edição do ano da campanha serĂĄ realizada atĂ© a prĂłxima sexta (26/11), e tem pautadas mais de 1.600 audiĂȘncias distribuĂdas para os trĂȘs juizados especializados Maria da Penha da capital e tambĂ©m das Varas do interior do Estado.
âEstamos muito felizes com a abertura, hoje, da ’19.ÂȘ edição da Semana pela Paz em Casa’, evento que Ă© realizado trĂȘs vezes ao ano. Estaremos com as audiĂȘncias de instrução e julgamento, trabalhando em parceria com o MinistĂ©rio PĂșblico, a Defensoria PĂșblica e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil â Seccional Amazonas) nesse enfrentamento Ă violĂȘncia domĂ©stica e familiar contra a mulher. NĂłs queremos que os agressores saibam que a Justiça do Amazonas estĂĄ atenta para condenĂĄ-los por essa prĂĄtica odienta de bater e atĂ© de matar a mulher. Tem-se que respeitar a mulher e, com isso, trazer a tranquilidade da famĂlia e a paz em casaâ, comentou a desembargadora Graça Figueiredo. Ela destacou os nĂșmeros alarmantes registrados de processos relacionados Ă violĂȘncia contra a mulher.
âNeste perĂodo, a campanha que hoje se inicia pretende mobilizar a Justiça amazonense na capital e no interior do Estado com os julgamentos, em mutirĂŁo, de um nĂșmero expressivo de processos relacionados Ă violĂȘncia contra a mulher em resposta aos nĂveis muito alarmantes de agressĂ”es no Ăąmbito familiar, verificados em nosso Estado, contabilizando um quantitativo expressivo de açÔes distribuĂdas. Desde a criação da ‘Lei Maria da Penha’, de 2006, atĂ© agora foram distribuĂdos mais de 50 mil processos no interior e na capital, assim como em todo o Estado do Amazonas jĂĄ foram concedidas mais de 38 mil medidas protetivas de urgĂȘncia no mesmo perĂodo. Esse volume de processos Ă© preocupante se levarmos em conta que muitas situaçÔes de violĂȘncia vividas pelas mulheres sequer chegam a ser comunicadas Ă s autoridades policiais. Outro dado alarmante Ă© que no ano de 2020 foram ajuizados quase 19 mil processos de violĂȘncia contra a mulherâ, analisa a desembargadora, referindo-se aos reflexos dos perĂodos de isolamento social, gerados pela pandemia de covid-19 nos lares amazonenses.
âCom apoio do Conselho Nacional de Justiça, o Tribunal de Justiça do Amazonas, por meio dessa coordenadoria, incentivou os magistrados e magistradas da capital e do interior a dispensarem nesta semana uma maior prestação jurisdicional e de acolhimento a essas mulheres, realizando audiĂȘncias, estabelecendo medidas protetivas de urgĂȘncia, sentenciando processos, num esforço concentrado para reduzir o tempo de resposta do Poder JudiciĂĄrio em relação a essas pessoas que nĂŁo podem mais esperarâ, reforçou a desembargadora Graça Figueiredo, agradecendo, em seu discurso, o apoio e o empenho das juĂzas e dos juĂzes das Varas Maria da Penha de Manaus, dos juĂzes e juĂzas das Comarcas do interior, servidores e servidoras do JudiciĂĄrio, da Defensoria PĂșblica do Estado, do MinistĂ©rio PĂșblico, OAB e imprensa.
Autoridades
Participaram da cerimĂŽnia de abertura da “19.ÂȘ Semana Justiça pela Paz em Casa” as juĂzas Ana Lorena Teixeira Gazzineo, titular do 1.Âș Juizado Especializado no Combate Ă ViolĂȘncia DomĂ©stica e Familiar contra a Mulher (âMaria da Penhaâ); e Luciana da Eira Nasser, titular do 2.Âș Juizado âMaria da Penhaâ; representantes do 3.Âș Juizado âMaria da Penhaâ; alĂ©m da corregedora-geral do MinistĂ©rio PĂșblico do Estado (MPE/AM), Silvia Abdala Tuma; do subdefensor pĂșblico-geral do Estado do Amazonas, Thiago Nobre Rosas; da secretĂĄria de Estado da AssistĂȘncia Social (Seas), Alessandra Campelo da Silva; da secretĂĄria municipal da Mulher, AssistĂȘncia Social e Cidadania, Graça Prola; da secretĂĄria-executiva de PolĂticas para as Mulheres, MaricĂlia Teixeira da Costa e; da vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB/AM), Grace Anny Benayon Zamperlini; da comandante da Ronda Maria da Penha, capitĂŁ PM ClĂ©sia Franciane de Oliveira; alĂ©m de demais magistrados, promotores de Justiça, defensores pĂșblicos e servidores do JudiciĂĄrio.
Juizados
Segundo a juĂza Ana Lorena Gazzineo, do 1.Âș Juizado âMaria da Penhaâ da Comarca de Manaus, a âexpectativa Ă© que as partes compareçam Ă s audiĂȘncias na data marcada para que possamos dar celeridade a esses processosâ. As audiĂȘncias ocorrerĂŁo tambĂ©m no formato hĂbrido, permitindo que aquelas que nĂŁo possuem os meios tecnolĂłgicos para participar por meio de videoconferĂȘncia, o façam de forma presencial. Ela ressaltou que Justiça tambĂ©m acaba desempenhando um papel importante com esse tipo de ação, pois alerta para o ciclo da violĂȘncia.
No 2.Âș Juizado âMaria da Penhaâ, as pessoas que comparecerĂŁo Ă s audiĂȘncias de instrução e julgamento tambĂ©m passarĂŁo por uma audiĂȘncia de acolhimento, com uma equipe tĂ©cnica e multidisciplinar, âalĂ©m de algumas atividades de atendimento coletivo das partesâ. A juĂza Luciana Nasser, titular da unidade jurisdicional, frisou que mundialmente constatou-se o aumento da violĂȘncia contra a mulher durante o perĂodo da pandemia, a partir do confinamento ou isolamento social. âA casa sempre foi um lugar menos seguro para essa mulher. E a situação foi agravada com a pandemia de covid-19â, salientou a juĂza.