O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), atendeu mais de 300 travestis e pessoas trans de todo o estado como parte do projeto “TransOdara”. A iniciativa, uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tem como objetivo realizar pesquisas e auxiliar no tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Os atendimentos aos participantes ocorreram, desde novembro de 2020, no ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero da Policlínica Codajás, zona sul de Manaus.
Dos pacientes que participaram do projeto, 23 se encontravam em situação de privação de liberdade – destes, 14 já foram libertados. Nesta sexta-feira (12/11), nove trans, detentas do Centro de Detenção Provisória de Manaus 2 (CDPM 2), foram à policlínica para receber os resultados dos exames e tomar a segunda dose da vacina contra o papilomavírus humano (HPV).
A inclusão dos participantes em situação de privação de liberdade é fruto da parceria com Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), por meio do Programa de Pós-Graduação em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Maura (nome fictício), de 33 anos, foi uma das detentas que integrou o “TransOdara”. De acordo com ela, todo o atendimento por parte dos profissionais do ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero foi maravilhoso. “Todos me atenderam muito bem, eu me senti realmente em casa, tanto pelo tratamento das psicólogas como das pessoas que trabalham aqui. A gente fica muito feliz em saber que existem pessoas que se importam e ajudam a gente”, destacou.
Pamela (nome fictício), 25, também ficou satisfeita com o projeto e a oportunidade de atualizar os exames. “Fomos bem recebidas, não só dessa vez como da primeira também. Viemos fazer os nossos exames de HIV e HPV, vários tipos de exames nós fizemos. A importância é que estamos vendo que não estamos jogados em uma unidade, que temos gente pela gente”, afirmou.
Serviços – Como parte do projeto, foram oferecidos os serviços de consulta médica, exames ginecológicos, ultrassonografia, mamografia, exames laboratoriais, vacinas e testagem para o vírus HIV e outras ISTs, todos de maneira gratuita.
“A gente se sente de braços abertos, sendo abraçado por todos que fazem parte desse projeto aqui. Ficamos maravilhados pelo que estão fazendo pela gente”, concluiu a detenta.
Para o diretor-geral da Policlínica Codajás, Rainer Figueiredo, o “TransOdara” tem uma importância muito grande para a sociedade. “Nós estamos falando que o Sistema Único de Saúde (SUS) é para todos, independente da privação de liberdade ou não”, completou Rainer.
O diretor-geral aproveitou para reforçar que, apesar do projeto já ter finalizado, o ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero segue com as portas abertas para todos os integrantes da comunidade LGBTQI+ do Amazonas. “Desde 2017, ele abrange mais de 300 pacientes, acompanhados, aqui, na nossa unidade”, concluiu.
Ambulatório – O ambulatório de Diversidade Sexual e Gênero da Policlínica Codajás é um serviço da SES-AM, em parceria com a UEA e a Fiocruz, com consultas que acontecem dentro das instalações da Policlínica Codajás.
Criado em setembro de 2017 com 24 pacientes, hoje, ele atende 350 pacientes fixos, que recebem atendimento e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeiras, assistentes sociais, psicólogos, ginecologistas, fonoaudiólogos e endócrinos, entre outras especialidades. O espaço é o único da Região Norte com esse tipo de serviço.